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Um caso impressionante de isolamento e abandono veio à tona em maio de 2008, quando o corpo mumificado de uma mulher foi descoberto em um pequeno apartamento no centro de Zagreb, capital da Croácia. Hedviga Golik, enfermeira nascida em 1924, foi encontrada sem vida no mesmo local onde vivia sozinha há décadas — seu corpo permaneceu intocado por 42 anos. O mais intrigante: a televisão ainda estava ligada.
O cenário surreal foi revelado durante uma inspeção em um imóvel abandonado no bairro de Medveščak. Localizado no sótão de um prédio de quatro andares, o apartamento de apenas 18 metros quadrados estava fechado desde a década de 1960. Quando finalmente arrombaram a porta, os agentes encontraram vestígios de uma vida congelada no tempo: móveis envelhecidos, utensílios fora de uso, poeira espessa — e o corpo da moradora em posição sentada diante do televisor.
Vizinhos mantinham distância
Segundo relatos de moradores mais antigos da região, Hedviga era reservada e preferia evitar qualquer tipo de convívio social. Sua reclusão era tamanha que ela teria criado um método próprio para fazer compras: descia uma cesta presa a uma corda pela janela com uma lista de itens, contando com a boa vontade de vizinhos para receber os produtos.
Com o tempo, a ausência de movimentação não despertou suspeitas, em parte por conta do estilo de vida já considerado excêntrico. Há ainda a possibilidade de que muitos tenham acreditado que ela tivesse se mudado discretamente, algo relativamente comum na época.
Autoridades e perplexidade pública
O caso chocou não apenas os vizinhos, mas também as autoridades croatas. Como uma pessoa pode desaparecer por quatro décadas sem que ninguém note? Como os serviços públicos e sociais não detectaram a ausência? As respostas continuam nebulosas.
A investigação apontou que a morte teria ocorrido por causas naturais no início da década de 1970. A razão pela qual ninguém havia acessado o apartamento nesse período permanece um dos maiores mistérios do caso.
O episódio de Hedviga Golik provocou discussões no país sobre solidão extrema, redes de apoio e a fragilidade dos sistemas sociais quando se trata de pessoas que optam — ou acabam — vivendo à margem da sociedade. Mais do que uma história mórbida, o caso é um retrato silencioso da invisibilidade humana em meio à vida urbana.
Da redação Estrutural On-line
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