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| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil |
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos intensificou, nos últimos dias, a busca por um financiamento emergencial destinado a aliviar a crise financeira que atinge a estatal. A direção trabalha com um prazo de cerca de duas semanas para assegurar um empréstimo estimado em R$ 10 bilhões, valor considerado crucial para evitar um colapso ainda maior nas contas.
O montante representa uma redução significativa em relação à meta original, que chegava a R$ 20 bilhões. Segundo fontes internas, a revisão ocorreu após uma rodada inicial de conversas com instituições financeiras apontar custos incompatíveis com a capacidade de pagamento da empresa. A exigência de juros acima do padrão autorizado pelo Tesouro Nacional inviabilizou o pedido maior.
Reestruturação e cortes no horizonte
O plano de recuperação elaborado pela atual gestão prevê uma reformulação ampla, com destaque para a redução de despesas com pessoal. A estatal pretende lançar um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV), com o objetivo de alcançar cerca de 10 mil adesões. A estimativa é diminuir em aproximadamente R$ 2 bilhões a despesa anual com salários e encargos.
A projeção leva em conta o desempenho do PDV anterior, que atraiu pouco mais de 3,6 mil servidores — menos da metade dos interessados iniciais. Para atingir a nova meta, a empresa avalia oferecer condições mais atrativas aos funcionários aptos a aderir.
Situação crítica nas contas
Os Correios registram sucessivas perdas financeiras. Apenas em 2025, o prejuízo acumulado chega a R$ 4,3 bilhões. No segundo trimestre, o déficit foi de R$ 2,6 bilhões — resultado quase cinco vezes maior que o verificado no mesmo período do ano anterior. O rombo mensal se aproxima de R$ 750 milhões.
A fragilidade do caixa tem refletido diretamente na operação. A taxa de entregas realizadas dentro do prazo, que chegou a cair para 76% no início do ano, voltou a subir, mas ainda não atingiu o desempenho considerado mínimo pela própria empresa. Atualmente, cerca de 92% das encomendas são entregues no prazo, abaixo da meta de 95%.
Pressão por resposta rápida
Para tentar assegurar o financiamento, a estatal encaminhou propostas a cerca de dez bancos e estabeleceu como limite para contratação juros de até 120% do CDI, padrão adotado em operações com garantias da União. Na rodada preliminar, algumas instituições chegaram a pedir valores próximos de 136% do CDI, o que acendeu o alerta sobre a urgência de renegociação.
A expectativa é concluir o acordo até o fim do mês, o que permitiria avançar no plano de reorganização e evitar novos cortes de serviços. Enquanto isso, o clima entre os funcionários é de apreensão diante do anúncio de mudanças profundas na estrutura da empresa.
Da redação Estrutural On-line


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