Organização Mundial da Saúde confirma mais de 450 vítimas em Fasher; conflito entre Exército e milícias já dura dois anos
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| Reprodução/X |
Um novo episódio de extrema violência no Sudão deixou o mundo em alerta. Um ataque armado contra um hospital administrado pela Arábia Saudita, na cidade de Fasher, resultou em pelo menos 460 mortos, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira (29). O atentado é atribuído às Forças de Reação Rápida (RSF), grupo paramilitar que há quase dois anos trava uma guerra civil contra o Exército sudanês.
A tragédia marca um dos episódios mais sangrentos desde o início do conflito, em abril de 2023. De acordo com a Rede de Médicos do Sudão, o hospital abrigava pacientes, refugiados e profissionais de saúde no momento da ofensiva. Muitos dos mortos seriam civis que buscavam abrigo no local.
Em dois anos de guerra, a OMS já contabiliza 285 ataques contra unidades de saúde no país, resultando em mais de 1.200 mortes entre médicos, pacientes e socorristas. O órgão voltou a denunciar o colapso do sistema humanitário no território sudanês, onde o acesso a medicamentos, alimentos e água potável se tornou quase inexistente em várias regiões.
O massacre foi discutido durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta quinta-feira (30). O subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, classificou a situação em Fasher como “catastrófica” e criticou o desrespeito contínuo ao direito internacional. “O Sudão enfrenta uma das piores crises humanitárias do planeta. O que estamos vendo é uma falha coletiva em proteger civis”, afirmou.
O confronto entre o Exército e a RSF começou após uma disputa de poder entre o general Abdel Fattah al-Burhan e o comandante paramilitar Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti. A rivalidade entre ambos destruiu o processo de transição política iniciado após a queda do ditador Omar al-Bashir, em 2019.
Desde então, o país mergulhou em uma guerra marcada por massacres étnicos, deslocamentos forçados e fome generalizada. Estima-se que mais de 9 milhões de pessoas já tenham sido obrigadas a deixar suas casas, enquanto outras milhares permanecem presas em áreas sitiadas sem acesso à ajuda internacional.
A ONU e organizações humanitárias voltaram a exigir um cessar-fogo imediato e corredores humanitários seguros, alertando que o Sudão está “à beira de um colapso total”.
Da redação Estrutural On-line

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