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Imagem de Thomas Breher por Pixabay |
Os mercados financeiros brasileiros encerraram esta quinta-feira (26/6) em alta, impulsionados por um ambiente internacional mais favorável e sinais de alívio na inflação doméstica. O dólar teve forte queda de 0,99%, fechando cotado a R$ 5,49, enquanto o Ibovespa avançou 1,01%, alcançando 137.133 pontos.
A valorização do real acompanhou uma tendência global de desvalorização da moeda americana. O índice DXY — que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas fortes — caiu 0,49%, atingindo o menor patamar em três anos. Em países emergentes, o movimento também foi sentido: a divisa americana perdeu valor frente ao peso mexicano e ao peso colombiano.
Fatores externos: Trump e o Fed
A maior influência do dia veio do cenário internacional, após o Wall Street Journal divulgar que Donald Trump, candidato republicano à presidência dos EUA, cogita antecipar a indicação do próximo presidente do Federal Reserve. A medida, segundo analistas, teria como objetivo minar a autoridade de Jerome Powell, atual chefe do banco central americano, cujo mandato termina apenas em 2026.
A especulação elevou as apostas sobre uma possível flexibilização futura da política monetária americana, o que pressionou os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA para baixo. A taxa dos Treasuries de dois anos, por exemplo, caiu de 3,793% para 3,738%, sinalizando ao mercado menor expectativa de juros elevados por lá. Apesar disso, a Casa Branca negou qualquer intenção de antecipar a nomeação.
IPCA-15 surpreende positivamente
No Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de junho foi menor do que o esperado, o que reforçou a perspectiva de desaceleração da inflação. Houve queda na difusão inflacionária e nos chamados “núcleos” — medidas que excluem os itens mais voláteis. O dado agradou ao mercado e reforçou a expectativa de estabilidade ou até alívio futuro nos juros.
“O IPCA-15 trouxe uma surpresa positiva. Ainda que a inflação esteja acima da meta, o número reforça a percepção de desaceleração no curto prazo”, avaliou Alexandro Nishimura, economista da Nomos.
Efeito IOF e cenário político
Apesar dos indicadores favoráveis, o cenário fiscal ainda preocupa. A revogação pelo Congresso do decreto que aumentava as alíquotas do IOF trouxe incerteza sobre a capacidade do governo de sustentar medidas de arrecadação.
“A decisão expôs a fragilidade da articulação política do governo Lula e pode ter efeitos prolongados sobre a confiança dos investidores”, apontou Nishimura.
A estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi, reforçou que, embora a derrubada do aumento do IOF alivie o contribuinte no curto prazo, ela evidencia problemas estruturais: “A situação fiscal continua delicada e precisa ser enfrentada com reformas e ajustes”, afirmou.
Juros futuros e confiança do investidor
Com o alívio na inflação e a valorização do real, os contratos futuros de juros recuaram, especialmente nos prazos mais longos. O mercado, segundo analistas, vê espaço para maior estabilidade na política monetária, mesmo diante da recente sinalização mais rígida do Banco Central.
“O diferencial de juros continua alto, o que mantém o Brasil atrativo para investidores estrangeiros”, disse André Valério, do Banco Inter.
Perspectivas
Embora os sinais desta quinta-feira tenham sido amplamente positivos, especialistas alertam que o ambiente segue sensível a fatores políticos e fiscais. O desempenho da economia, os desdobramentos no Congresso e as eleições de 2026 seguem no radar dos investidores — e qualquer nova turbulência pode reverter o otimismo atual.
Da redação Estrutural On-line
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