Morre em Brasília Antério Mânica, condenado por mandar matar auditores fiscais na Chacina de Unaí

Reprodução / TV Globo

Antério Mânica, ex-prefeito de Unaí (MG) e condenado por ser um dos mandantes da Chacina de Unaí, faleceu na manhã desta quinta-feira (15) aos 77 anos, em Brasília. A informação foi confirmada por familiares.

Mânica estava internado no Hospital Sírio-Libanês e encontrava-se em estado grave desde o último dia 9, quando sofreu uma queda no quarto do hospital e foi diagnosticado com traumatismo craniano. Ele passou por uma cirurgia de emergência e permaneceu em coma induzido desde então.

Além do quadro neurológico recente, o ex-prefeito enfrentava outras condições de saúde, incluindo câncer no pâncreas, diabetes e hipertensão. Detalhes sobre o velório e sepultamento ainda não foram divulgados pela família.

Antério Mânica ficou nacionalmente conhecido por seu envolvimento em um dos crimes mais brutais da história recente do país. Ele foi condenado por ordenar o assassinato de três auditores fiscais do trabalho — Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva — e do motorista Ailton Pereira de Oliveira, em 28 de janeiro de 2004. As vítimas apuravam denúncias de trabalho análogo à escravidão em fazendas da região de Unaí, incluindo propriedades ligadas à família Mânica.

Inicialmente condenado em 2015 a 100 anos de prisão, Mânica teve sua sentença anulada em 2018 pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que determinou um novo julgamento. Em maio de 2022, foi novamente condenado, dessa vez a 64 anos de reclusão por homicídio triplamente qualificado. Desde novembro de 2024, cumpria pena em regime de prisão domiciliar, por questões de saúde.

Seu irmão, Norberto Mânica, também foi condenado a 64 anos pelo mesmo crime. Ambos foram apontados pela investigação como mandantes da emboscada que resultou na morte dos servidores públicos federais.

José Cruz / Agência Brasil

A Chacina de Unaí é considerada um marco trágico na luta contra o trabalho escravo no Brasil e expôs os riscos enfrentados por auditores fiscais em regiões de conflito agrário e exploração trabalhista.

Da redação Estrutural On-line