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Imagem de Peter Schmidt por Pixabay |
Uma análise internacional conduzida por pesquisadores das universidades de Göttingen, na Alemanha, e de Edimburgo, no Reino Unido, revelou um dado surpreendente: apenas a Guiana, na América do Sul, consegue produzir internamente todos os alimentos necessários para abastecer sua população. O estudo, publicado recentemente na revista Nature Food, examinou a capacidade produtiva de 185 países, levando em conta sete grupos alimentares fundamentais: frutas, vegetais, laticínios, peixes, carnes, proteínas vegetais e alimentos ricos em amido.
Apesar de ser um país com baixos indicadores econômicos, a Guiana destaca-se pela combinação de clima favorável, solos produtivos e acesso a recursos hídricos, que garantem sua autossuficiência. Segundo Jonas Stehl, principal autor da pesquisa, a autossuficiência não é necessariamente um requisito para o sucesso econômico de um país. “Existem razões legítimas e, em muitos casos, benéficas para um país importar parte dos alimentos que consome”, explicou Stehl à BBC Science Focus.
Desempenho global e posição do Brasil
A pesquisa apontou que, logo após a Guiana, estão China e Vietnã, ambos produzindo seis dos sete grupos de alimentos essenciais. Outros países, principalmente na América do Sul e na Europa, também demonstraram significativa capacidade produtiva interna. O Brasil, por exemplo, é capaz de suprir cinco dos sete grupos, mas ainda enfrenta carências na produção de vegetais e peixes.
Um dado intrigante observado pelos cientistas é que cerca de 65% das regiões analisadas produzem mais carne e laticínios do que suas populações consomem. Em contrapartida, a produção de leguminosas, nozes e sementes — alimentos ricos em proteínas vegetais e essenciais para uma dieta balanceada — ainda é insuficiente em quase metade dos países estudados.
Vulnerabilidade de países dependentes de importação
A pesquisa também destacou que regiões insulares, países árabes e territórios em desenvolvimento são especialmente dependentes de importações para suprir a demanda alimentar. Afeganistão, Catar, Iêmen, Emirados Árabes e Macau estão entre os lugares que não conseguem se autoabastecer em nenhum dos sete grupos alimentares.
Essa dependência traz riscos, especialmente em tempos de crises globais como pandemias, guerras ou restrições comerciais. Exemplos recentes incluem os impactos da pandemia de Covid-19 e o conflito entre Rússia e Ucrânia, que desestabilizaram as cadeias de fornecimento e fizeram os preços dos alimentos dispararem.
Da redação Estrutural On-line
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