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Cirurgia inédita para tratar hanseníase tem resultado excelente

Equipe do Hospital de Base constatou que procedimento com células-tronco e laser teve melhor cicatrização no enxerto da paciente


Um procedimento a partir de células-tronco para recuperar lesões graves, realizado no Hospital de Base, foi um sucesso e mostrou excelentes resultados no tratamento de uma paciente com hanseníase. É o que constataram os cirurgiões plásticos Márcia Moreira e Pedro Brandão, após avaliarem a recuperação de Cleuza de Oliveira, 56 anos.

De acordo com a médica, as células-tronco possibilitaram uma adesão muito boa do enxerto de pele feito na paciente para tapar os ferimentos e aceleraram a cicatrização do tecido. “Conseguimos obter melhor qualidade estética da ferida e mais elasticidade da pele, dando um ar mais natural a ela”, relata Márcia.
A paciente Cleuza Oliveira disse que ganhou qualidade de vida após o procedimento | Foto: Arquivo pessoal

O procedimento ocorreu em setembro do ano passado e foi inédito no hospital. Para a extração das células diferenciadas, o HB teve a ajuda da empresa brasileira DMC, que disponibilizou aparelhos avançados para realizar a técnica, chamada de One Step. Pelo método, os profissionais conseguem retirar, com a gordura da paciente, as células-tronco, por meio de uma lipoaspiração a laser.

“Com a emissão de luz, é possível extrair uma solução mais concentrada com células-tronco, o que garante um melhor resultado no momento da aplicação do enxerto”, explica a cirurgiã Márcia Moreira.

A obtenção completa das células-tronco só é possível pela técnica de centrifugação. “Por meio da centrifugação, separa-se a gordura das células-tronco”, esclarece a especialista.

Com o material puro em mãos, os médicos conseguiram injetá-lo nas bordas do ferimento de Cleuza. Já a gordura aspirada foi passada por cima da ferida. “Esse tecido adiposo serve como um curativo biológico”, esclarece Márcia. Para finalizar, a equipe encobriu a lesão com um curativo a vácuo, como forma de impedir a exposição do local.

Cada cirurgia durou, em média, duas horas e meia

Segunda fase

Em um segundo momento cirúrgico 15 dias depois, a mesma equipe, composta por dois cirurgiões plásticos, um anestesista e uma instrumentadora, aplicou um enxerto de pele, retirado da coxa de Cleuza. “Depois da aplicação, a gente percebeu, ao longo da cicatrização, que o procedimento foi mais eficaz do que quando feito sem alta concentração de células-tronco”, aponta Márcia.

Cada cirurgia durou, em média, duas horas e meia, e os gastos estimados das duas intervenções, totalmente gratuitas para a paciente, foram de R$ 60 mil.

Mudança de vida

As dores intensas devido aos ferimentos na perna de dona Cleuza viraram apenas lembranças. Depois da rápida cicatrização após as cirurgias, a manicure conseguiu retomar as atividades e, hoje, valoriza cada cicatriz em seu corpo. “Elas são reflexo da minha luta e da sorte que tive em receber um atendimento tão cuidadoso e de excelência”, agradece.

O destino de dona Cleuza poderia ser diferente, não fosse a decisão da família em levá-la a um hospital público de Brasília. Tudo começou após a moradora de Uruaçu (GO) sentir fortes dores na perna. As bolhas logo apareceram, causadas pela hanseníase. “Elas estouraram e abriram ferimentos na minha perna. Em menos de um dia, as feridas já começaram a ficar profundas”, conta. No hospital da cidade goiana, disseram que seria preciso amputar a perna. “Graças a Deus, me levaram para Brasília”, diz, aliviada.

“Foi tudo muito rápido, e aquela dor, insuportável, parou. Ganhei qualidade de vida”
Cleuza Oliveira, paciente

Dona Cleuza recebeu atendimento primeiro no Hospital Regional do Paranoá, onde foi feito um curativo para evitar piora do quadro. De lá, foi encaminhada ao HB, onde o tratamento durou 68 dias. “Foi tudo muito rápido, e aquela dor, insuportável, parou. Ganhei qualidade de vida.” Atualmente, a pele da paciente está quase completamente cicatrizada, e o retorno para acompanhamento será em maio.

Plásticas de traumas no HB

O tratamento com células-tronco de feridas extensas causadas por trauma é uma prática comum no Hospital de Base. Mas, diferentemente do tratamento de Cleuza, ocorre sem o uso do laser. “Todo paciente traumático que chega com ferimentos profundos e pouca pele precisa passar por uma cirurgia plástica para repor o tecido”, comenta a cirurgiã plástica do HB Márcia Moreira.

Com informações do Iges-DF

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