![]() |
| Imagem de Kasun Chamara por Pixabay |
O Sudão enfrenta um dos momentos mais sombrios de sua história recente. O conflito entre o Exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF), que se arrasta há mais de um ano e meio, mergulhou o país em uma catástrofe humanitária sem precedentes. Milhões de pessoas sofrem com a escassez de alimentos, a destruição de cidades inteiras e a ausência quase total de ajuda internacional.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA), mais de 26 milhões de sudaneses vivem em situação de insegurança alimentar severa — e cerca de 5 milhões enfrentam fome extrema. A região de Darfur, no oeste do país, tornou-se o epicentro da crise, com hospitais destruídos, rotas de abastecimento bloqueadas e comunidades inteiras isoladas pelos combates.
Na última semana, organizações internacionais denunciaram um massacre ocorrido em El-Fasher, onde centenas de civis foram mortos após um ataque paramilitar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou que entre as vítimas estavam pacientes e profissionais de saúde da principal maternidade da cidade, um dos últimos centros médicos ainda em operação.
A intensificação da violência e o cerco militar têm tornado inviável a distribuição de mantimentos. Comboios humanitários são saqueados, armazéns de alimentos destruídos e estradas estratégicas permanecem sob controle das forças armadas rivais. “Estamos assistindo a uma catástrofe silenciosa. A fome está se espalhando mais rápido do que conseguimos responder”, declarou Cindy McCain, diretora do PMA.
Desde o início dos confrontos, em abril de 2023, mais de 10 milhões de pessoas foram deslocadas de suas casas, de acordo com a ONU — o maior número de deslocados internos do mundo. Muitos buscam refúgio em países vizinhos, como Chade, Sudão do Sul e Egito, onde campos improvisados estão superlotados e carecem de água potável, remédios e abrigo.
Relatórios de organizações de direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, apontam para crimes de guerra e perseguições étnicas em Darfur. A ONU já alertou para o risco de genocídio, enquanto a comunidade internacional tenta, sem sucesso, mediar um cessar-fogo duradouro.
Em meio ao caos, o povo sudanês continua pagando o preço mais alto — o da fome, do medo e da perda de esperança em um futuro de paz.
Da redação Estrutural On-line


Nenhum comentário
Agradecemos pelo comentário.