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Corrida armamentista volta à pauta: ministros e políticos cobram fortalecimento das Forças Armadas

Foto: Francisco Gelielçon / Estrutural On-line

O avanço de conflitos pelo mundo e o aumento dos investimentos militares em diversos países reacenderam, no Brasil, o debate sobre a necessidade de ampliar os recursos destinados à Defesa Nacional. De pedidos por modernização do Exército a discussões sobre a possibilidade de o país desenvolver tecnologia nuclear, o tema tem ocupado espaço crescente nas esferas do governo e do Congresso.

Nos últimos meses, autoridades civis e militares têm demonstrado preocupação com o enfraquecimento da estrutura das Forças Armadas. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, alertou que o Brasil enfrenta um cenário “crítico” de desabastecimento. Em audiência pública no Senado, ele afirmou que há munição suficiente apenas para 30 dias de operação, o que acendeu um sinal de alerta entre os parlamentares.

“Temos tropas bem treinadas, mas faltam recursos básicos — de combustível a peças de reposição. Não podemos depender da sorte para garantir a soberania nacional”, declarou Múcio durante o encontro.

O ministro também reforçou a necessidade de ampliar o orçamento militar e defendeu a chamada PEC da Previsibilidade, proposta que prevê um acréscimo de R$ 30 bilhões nos investimentos em Defesa ao longo de seis anos. A proposta, de autoria do senador Carlos Portinho (PL-RJ), está parada no Congresso desde 2023, mas voltou a ser mencionada como essencial para recompor a capacidade operacional das forças brasileiras.

Enquanto isso, o cenário global mostra um movimento inverso. De acordo com relatório das Nações Unidas, os gastos militares mundiais ultrapassaram US$ 2,7 trilhões no último ano — dos quais US$ 100 bilhões foram aplicados em arsenais nucleares, segundo a Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (ICAN).

No Brasil, por outro lado, dos R$ 112,25 bilhões destinados à Defesa, mais de dois terços foram consumidos com despesas de pessoal, segundo dados oficiais. Especialistas avaliam que essa estrutura orçamentária impede investimentos em modernização e em novas tecnologias militares.

A discussão sobre o fortalecimento da Defesa Nacional, antes restrita a círculos técnicos, agora desperta interesse político mais amplo. Alguns parlamentares argumentam que o país precisa se preparar diante de um cenário internacional cada vez mais instável — não para promover uma corrida armamentista, mas para garantir capacidade de resposta.

“Somos uma nação pacífica, mas não podemos ser ingênuos”, resumiu um dos senadores presentes à audiência. “Paz se constrói também com preparo.”

Assim, entre o discurso da neutralidade e a pressão por reforço militar, o Brasil volta a encarar um dilema antigo: como equilibrar sua tradição diplomática com a necessidade de garantir segurança e autonomia estratégica em um mundo em tensão crescente.

Da redação Estrutural On-line

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