Em meio ao aumento das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o presidente americano, Donald Trump, evitou entrar em detalhes sobre a nova tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros, mas fez críticas diretas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ainda assim, reafirmou seu apreço pelo povo brasileiro.
![]() |
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay |
Durante uma entrevista nesta sexta-feira (1º/8), Trump afirmou que “as pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada”, em uma referência indireta às decisões do governo Lula. No entanto, amenizou o tom ao declarar: “Eu amo o povo do Brasil”.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de conversar diretamente com o presidente brasileiro, Trump se disse disposto ao diálogo: “Ele pode falar comigo quando quiser”, declarou, em meio à crise diplomática deflagrada após a adoção do tarifaço.
A decisão da Casa Branca, oficializada na quarta-feira (30/7), estabeleceu uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com início da vigência previsto para o dia 6 de agosto. Segundo o governo americano, a medida foi tomada com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), sob a justificativa de que o Brasil representa uma ameaça “extraordinária” à segurança nacional dos EUA. O documento também acusa o governo brasileiro de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, apontando violações aos direitos humanos e enfraquecimento do Estado de Direito.
Apesar da rigidez da medida, cerca de 700 itens foram poupados da tarifa, entre eles produtos ligados à indústria aeronáutica, suco de laranja, minério de ferro, aço e combustíveis — setores estratégicos para a economia dos dois países.
Enquanto isso, o governo brasileiro tenta reabrir os canais de negociação. Em entrevista ao The New York Times, o presidente Lula lamentou a falta de retorno por parte dos EUA. “Designei meu vice, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia para conversarem com os equivalentes nos EUA. Até agora, não foi possível estabelecer diálogo”, afirmou o petista.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) também se manifestou sobre o impasse e disse estar disposto a viajar a Washington caso as conversas por videoconferência não avancem. “Se for necessário, ontem”, brincou Alckmin durante participação no programa Mais Você, da TV Globo.
Segundo ele, o governo brasileiro está mobilizado para reverter as tarifas, especialmente sobre produtos como café e frutas, buscando preservar empregos e a atividade econômica no país. “A orientação do presidente Lula é: negociação. Vamos usar todos os meios diplomáticos para resolver esse impasse”, destacou.
A crise ocorre em um contexto delicado das relações bilaterais e acirra o clima político entre os dois países, que vivem momentos internos de forte polarização. Por ora, resta saber se o sinal verde dado por Trump ao diálogo poderá se transformar em avanços práticos nos próximos dias.
Da redação Estrutural On-line
Nenhum comentário
Agradecemos pelo comentário.